terça-feira, 16 de novembro de 2010

A Janela



Acordou com a boca seca tateando a cabeceira da cama a procura de um copo d'água que costumava deixar ali justamente para matar a sede que sempre lhe ocorria. Mas desta vez só encontrou o celular, derrubando-o entre as cobertas.


Mal conseguia abrir os olhos que pareciam estar cheios de areia decidindo se ia até a cozinha ou não. Se virou de um lado ao outro, por fim resolveu dar cabo na sede.


Levantou devagar, quando ia passando pela sala, ouviu o cachorro latir, curiosa como só, entreabriu a janela e deu ordem ao cachorro que fosse deitar, esse por sua vez não obedeceu.


Foi até a cozinha, bebeu dois copos dàgua, e voltou a janela. Apoiou os braços e ficou contemplando a noite estrelada que fazia. Curiosamente o banhado que ficava em frente a sua casa, agora a noite parecia pastos verdes, com algumas pastagens mais sobressalente, onde a lua refletia o que causava um efeito enigmático.


Os olhos ficaram pregados ali em uma sombra que começava a se mover, que mais parecia um homem abaixado arrastando alguma coisa ou alguém.


Sentiu a palpitação que sempre sentia quando a situação saía da rotina, olhou mais forçadamente e a sua desconfiança se confirmou, era um homem carregango uma pessoa, uma pessoa morta!


Fechou a janela e correu para o quarto ficou alguns minutos pensando no que fazer, logo chegou a uma decisão sensata. Ligou para um amigo delegado que não se importaria em ser acordado aquela hora, contou-lhe a cena ocorrida, ele de pronto disse que na manhã seguinte começaria uma investição.


Se despediu agradecendo, tomou um relaxante muscular e foi deitar, dormiria um sono tranquilo, depois daquela noite viria outro dia.


Acordou como todos os dias, tomou café, porém subitamente resolveu abrir seus emails. Já na primeira mensagem recebida tomou um susto que lhe tirou os pés do chão. Releu a mensagem para certificar-se de que tudo não passava de um trote, mas era impossível... Era uma ameaça do assassino. Na mensagem ela lia o inacreditável. O assassino era nada mais nada menos que o irmão adotivo do então amigo delegado, que ao desligar o telefone ficou intrigado com a notícia e perdeu o sono. Ficou então sentado na sacada fumando um cigarro, quando chegou o irmão, ele lhe contou sobre o telefonema, fazendo um certo desabafo. Bingo!


Era tudo que ela não supunha, não imaginava, como podia?


Ficou trêmula, suava, não sabia que posição tomar, o email era enfático.


Dizia a seguinte mensagem:


" Tens 24 horas para desmentir o que viste, ou vais morrer da mesma maneira! Eu já sei de quem se trata, meu irmão querido fez o favor de me contar quando cheguei depois do acontecido!"


Ps.: Quem vai ou não te poupar a vida!


Ela perambulou pela casa o dia todo, nem foi trabalhar aquele dia, um medo lhe percorria a espinha dorsal, sua única companhia foram os remédios que ingeriu para se acalmar e pensa com mais clareza.


Ao final da tarde tomou uma decisão, ligou outra vez para o amigo delegado falando do email, o mesmo acreditou se tratar de um trote e não deu importância, mas tratou de acalma-la. Não o suficiente... Quando a noite chegou vagarosa, o medo foi aumentando, um suplício a cada minuto, ela não conseguia tirar os olhos da janela. Até que resolveu fechar o vidro sentar e assistir a um filme. Passaram-se duas horas, terminou o filme, ela levantou para buscar uma xícara de café, quando viu um vulto pela janela, olhou mais fixamente derrepente um rosto pálido com cabelos negros fez o gesto de quebrar a vidraça com um golpe de machado, ela gritou como nunca, tentou correr e pegar o telefone mas não o encontrava, um terror se estabeleceu na sua garganta e ela gritou o mais forte que pôde, desesperada pensou na morte ao lado chamando seu nome... Gisele!!! Gisele!!! Até que o grito perdeu a força e ela abriu os olhos, se deparou com o Fernando lhe acordando de um pesadelo profundo. Levou um minuto para acreditar que tudo não passara de um sonho mau!




Gigi Pimenta.