E assim vou vivendo, como se nada fosse tão importante...
É fácil fingir ser feliz, o pior que pode acontecer é de vez em quando você estourar com quem não te nada ver.
Não me perguntem nada, por favor, eu nem sei de nada também. Se eu soubesse eu já teria resolvido meus problemas todos.
Claro que eu tenho uma vaga idéia, mas são só suposições, não tenho provas. Então como eu poderia julgar alguém?
E além do mais, há fortes indícios de que haja uma forte participação minha.
Terei que me entregar, me crucificar, dor por dor, que as coisas fiquem como estão.
Que martírio esse de viver procurando sentido, afinal, tudo já tem seu sentido. O que me encomoda é que sempre enchergo algo além, me parece subliminar as vezes e as vezes me parece insano.
Então suponhamos que seja insanidade da minha parte...sumponhamos que na verdade eu seja feliz e ... que essa "vida cruel" seja fruto da minha imaginação. Então não existe culpado, nem existe o que acertar, concertar, a não ser alguns parafusos dessa mente desconcertada e desconcertante, é porque as vezes coloco pessoas em situações embaraçosas, é incrível!!
Então todos são bondosos, e carinhosos, e me aturam... eu e minha loucura.
Mas eu abri a porta e alguém estava lá, não era imaginação minha, era real. Era frio, o ar úmido, e quando eu falava saia um vapor da minha boca, balbuciei alguma palavra mas não saiu em alto e bom som. Eu sei que não era loucura, eu só não tive coragem de ficar, saí correndo com medo de mim mesmo e fechei a porta. Pra trás deixei toda uma vida não vivida. Vou continuar imaginando como teria sido isso e aquilo, voltar não dá, concertar... duvido, mas uma força dentro de mim luta contra esse fingimento de fazer de conta que tudo esta bem, e uma outra força me diz, deixa quieto, é assim mesmo.
Agora eu sei que vazio é esse... eu não faço idéia de como teria sido 20 anos da minha vida. Eu continuo vivendo um dia... depois o outro vou levando meu vazio.
Ilustração de Carol Cuquetto: oamareloeonada.blogspot.com
