segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Garota Perdida


Ela não tinha mais do que 15 anos, era uma menina disfarçada de alguma coisa ou coisa nenhuma. Tinha uma beleza distorcida, por baixo das calças largas e rasgada, dos cabelos raspados tingidos de rosa (ela era punk).
Já estava entorpecida quando ouviu o policial gritar – Mão na parede!!!!!
Demoraram alguns segundo pra ela assimilar o que estava acontecendo, não que ela não soubesse que estava sujeita aos percalços, mas sempre contava com a sorte que lhe era cabida.
Olhou para o policial com a arma na mão, tentou se desvencilhar da “geral” mas não houve tempo, ela foi pega ali num inocente baseado, momento que ela tirava para aliviar toda a tensão de uma garota de 15 anos. Um sentimento de pavor tomou conta dela, que explicação iria dar aos pais. Sempre se achou tão esperta.
Dissimulou um choro desesperado, contou uma história deslavada, a única coisa que conseguiu ouvir do policial foi um _ Não adianta que eu já te conheço garota!
Começou a sentir tremores, nem sabia que era tão medrosa e covarde. Teve tratamentos dispensados a trombadinhas batedores de carteira. Durante as duas horas de terror em que ficou trancada em uma cela com uma espuma servindo de colchão e um rato lhe fazendo companhia, chorou demasiadamente até que olhos vermelhos agora do choro não abrissem mais, na garganta um grito preso por raiva de si mesmo, de ter sido tão tola. Mesmo assim não conseguia se arrepender das coisas que fazia, não lhe parecia errado.
Enfim chegou a hora de encarar os olhos da mãe, o que diria, como explicaria.
Quando chegou em casa algemada, viu nos olhos da mãe uma certa decepção misturada com preocupação e disse..
– Mãe, eu tenho que te contar uma coisa... eu não fumo só maconha, eu também uso cocaína, e hoje me pegaram.
- Fizeram Alguma coisa com vc filha? Te bateram??
- Não mãe, não fizeram nada.
- Minha filha tu usa isso sempre??
-Não mãe, é só de vez em quando. Agora tenho que sair outra vez, a galera ta me esperando, depois a gente conversa.
- Minha filha não sai, se te pegam de novo, fica em casa filha!
- Não mãe, tenho que ir, não vão me pegar de novo!! Não se preocupe!
Saiu pela porta pra comemorar a sua primeira prisão, sem se importar com o coração apertado da mãe que por certo ficou se contorcendo de preocupação pela teimosa e errante filha. Mas quem não erra? Atire a primeira pedra...