terça-feira, 7 de outubro de 2008

A Paixão...


Antes, quase tudo lhe parecia ruim, sem gosto.
Taí o motivo de ela procurar tanto, queria aquele gostinho amargo de pele, que deixa com vontade de quero mais.
Mas com ela era assim, depois da primeira vez, ela não queria mais...
Era tão racional, simples, às vezes inventava um sentimento sutil, pra enganar o corpo, porque o coração não se engana.
E numa dessas sextas-feiras, dessas que ela gostava de curtir uma sinuca, um boteco uma conversa alheia, depois de uma dose, a fala mansa, tudo lhe parece mais doce, doce ilusão...
Ia chegando, quando de repente desce aquele garoto do carro, já ouvira falar dele, só não o imaginava tão jovem. Calças largas, 3 ou 4 tamanhos acima do seu, gestos que lhe pareciam subliminares, com ar de mistério, a voz doce e tranqüila.
O tempo tomou proporção diferente, tornou-se lento, todo e qualquer movimento dele era metodicamente observado por ela. Uma espécie de hipnose misturada com algum tipo de alucinação... dava pra sentir o gosto dele sem nem mesmo toca-lo.
Aquele gosto ela sentiria por muitas outras vezes depois, mesmo hoje quando às vezes ela tem vontade de empurrá-lo porta afora e nunca mais lhe falar, logo lhe vem à cabeça a lembrança do gosto amargo que ele tem que lhe faz tão bem, um gosto que só ele tem.
É por isso que ela se faz guardar junto a ele. Dizem as más línguas que vivem em pé de guerra, creio eu que ali vive a paixão soberana, o âmago de duas almas que se preenchem... mesmo em pé de guerra.